Introduzindo a criança ao surf - Dicas de como ensinar o seu filho a surfar com segurança!
Surfar com o(a) filho(a) é algo que está na lista dos sonhos de todo verdadeiro surfista. Dividir aqueles momentos especiais no mar, a primeira prancha, onda, surftrip, nada disso tem preço! Apesar do sonho, muitos pais tem medo e não sabem a melhor forma de começar e fazer o seu filho se apaixonar pelo esporte. Por isso, preparamos uma entrevista com quem realmente entende do assunto e pode te dar as dicas certas!

O surf é mais que um esporte, é um estilo de vida! Muitos pais sonham em surfar junto dos seus filhos mas tem medo e não sabem como começar com segurança. Mas será que existe uma "receita de bolo" para isso? Nesse dia das crianças, perguntamos para quem entende do assunto e vive esse desafio todos os dias.
Entrevistamos a Juliana, mãe da "pequena gigante" Carol Bastides, surfista competidora de apenas 7 anos de idade! Ela nos tirou algumas dúvidas e passou várias dicas legais de como introduzir a criança ao surf. Confira abaixo como foi e um pouco das dicas na entrevista!

Idade - Existe idade certa para a criança começar a surfar?
Não existe a "idade ideal". A criança ficando em pé sobre a prancha já pode surfar. A Carol por exemplo, começou aos 5 anos, tudo começou quando ela viu o pai surfando, ficou curiosa e quis experimentar!
Primeiros passos - Antes da criança começar a ir para o mar, quais os primeiros passos necessários? Existe alguma preparação específica?
A primeira "preparação" que se deve ter é a segurança. De cara já explicar toda a parte teórica e deixar clara a questão da segurança no mar e que é preciso escutar o adulto. Nos primeiros contatos com o surf, não é nem necessário saber nadar, quando se está na altura do umbigo. O importante é ter um adulto por perto auxiliando.
Também recomendamos o uso do colete salva-vidas, o qual a Carol ainda usa até hoje quando o mar está grande, isto trás mais segurança para dar os primeiros passos.

É interessante inserir a natação na rotina de acordo com a vontade da criança querer ir mais para o fundo, e se ela se identificar com o esporte. Na areia, aproveitar um aquecimento e alongamento prévio, com polichinelos, girando o tronco e os braços, o que ainda rende uma boa diversão!
Equipamento - Qual é o equipamento ideal para a criança começar a surfar com facilidade e segurança?
Anteriormente foi citado o colete salva-vidas, principalmente quando for para ir mais ao fundo. É importante tê-lo especifico para peso e idade da criança.
A prancha de isopor (softboard) é também muito bacana no início, pois além de não machucar e ser resistente, ela é maior e tem mais flutuação, facilitando nas primeiras ondas. Além disso, suas quilhas são de plástico, o que também não machuca. É também importante ter o uso do leash (cordinha).
Para complementar, o uso de uma lycra com proteção UV para proteger a pele do sol. Com esses equipamentos e o apoio de um adulto, é bem tranquilo da criança não se machucar.
O Local - Qual é o local ideal para a criança começar a surfar? Existe um tipo de onda que facilite o aprendizado e a segurança?
O "local ideal" é aquele que tem uma bancada rasa, sem correnteza e correntes de retorno (vala). Em São Paulo, praias como Praia Grande, Santos e São Vicente são ideais.

Suas ondas são mais cheias e a prancha de isopor/softboard flutua facilmente, onde a criança pode permanecer mais tempo em pé. (No RJ a Praia da Macumba e o Arpoador são boas pedidas, assim como a Barra da Lagoa em Florianópolis).
Escolinha de Surf ou junto aos pais - Qual é a melhor decisão?
Na minha opinião, junto aos pais. O surf cria vínculos muito fortes não só com a natureza, mas entre a família.Tem muita diversão e a superação a cada onda envolve a todos.
Caso os pais não tenham tempo, não saibam surfar ou não tem didática para ensinar, a Escolinha de Surf vem auxiliar nesse sentido.
Confiança e limites - Um grande medo dos pais, é de na tentativa de aproximar a criança do surf, acabar a traumatizando com algum caldo. Como lidar com isso?
O surfe feito com supervisão de um adulto e com os itens de segurança como colete salva-vidas, uso de leash e a prancha de softboard é tranquilo. Conforme a criança vai tendo contato com o surf, o adulto pode ir incentivando e passando a segurança para, aos poucos, ir avançando para o outside. É muito importante sempre respeitar os limites das crianças.
Para evitar um possível trauma com a criança já no outside, com os itens de segurança corretos e fazendo natação, deve-se sempre ter um adulto próximo, conversando e explicando sobre as ondas, naturalizando o surf e a ligação com o mar no seu dia a dia, sem forçar a barra.
Superando o medo e chegando ao fundo - Quando começamos a ir para o "outside", algumas crianças morrem de medo, como lidar com isso?
Não existe uma fórmula que ajude a perder o medo. Aliás, o medo sempre está ali. O que não pode haver é o pânico. É um trabalho de formiguinha. Se a criança tem vontade de surfar, mas tem medo de sair das espumas ou do raso,o adulto responsável precisa respeitar esse limite.

Para trabalhar esse medo é muito bacana incentivar com palavras positivas, que encorajam a criança. Trazer um lado de audácia, de atitude! Vale também usar uma linguagem lúdica, como se a criança estivesse em uma aventura enfrentando um "navio pirata", por exemplo.
Não só pelo surfe, mas essa interação do adulto com a criança acaba ajudando a torná-la um cidadão mais confiante e a enfrentes os seus desafios.
Por último, o que você diria aos pais que tem dúvidas ou medo sobre introduzir o seu(sua) filho(a) ao surf?
Não é fácil ver a Carol com 1,20m de altura atravessar um mar pesado com ondas de 1 metrão. Mesmo com todos os itens de segurança, com o pai ao lado e com sua preparação e experiência, eu tenho medo, ela sente medo.
Mas a coragem é muito maior por que o medo trava. Creio que nossos filhos e filhas são pequenos aventureiros que, com uma base sólida para ajudar a se desenvolver, eles enfrentam as dificuldades e o surf é um grande aprendizado para a vida.
Se sua criança quer aprender a surfar, ajude. Tenha a cautela e responsabilidade de um adulto dentro da cabeça,mas um sorriso reconfortante no rosto onde diga: "vamos continuar! Está tudo bem!". Espero que essas dicas ajudem os pais e aos filhos à enfrentarem esse grande (mas maravilhoso) desafio que é o surf.
Agradecemos à Juliana por toda a entrevista e dicas para o pessoal que acompanha o Canal Surf Storm! Conheça um pouquinho mais da história da "pequena gigante" Carol Bastides:

Carol Bastides é uma menina de apenas 7 anos que se encantou com o Surf e o mundo de competições desde cedo. Sente como se o mar fosse sua casa e tem como maior sonho ser "Campeã Mundial de Surf Feminino".
A surfistinha teve seus primeiros contatos com a prancha quando tinha quase 5 anos. Durante muito tempo, o que era brincadeira aos finais de semana, acabou se tornando mais frequente e ela começou a querer participar de campeonatos de surf. Foi ai que Carol ganhou sua primeira prancha de isopor (softboard). De lá para cá, a pequena GIGANTE (como é conhecida no litoral paulista) já encarou ondas de mais de 2 metros em Itamambuca, enfrenta mares pesados e gelados e já tomou muito caldo.
Carol já participou do Campeonato Brasileiro Feminino, Campeonato Hang Loose Surf Attack, Campeonato Santista,Campeonato Rip Curl Guarujaense e alguns outros pelo litoral de São Paulo. Por não existir categoria feminina na sua idade, a jovem surfista acaba disputando o Feminino Open (sem limite de idade) e o Petit Sub-10 (onde a grande maioria são meninos de 10 anos). Acompanhe clicando aqui a pequena gigante Carol Bastides nas redes sociais!
- Autor da entrevista: João Pedro Braga - Canal Surf Storm.