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John John Florence vence em polêmica etapa de Bells Beach - Resenha Pós CT

Gabriel Medina, Ítalo Ferreira e Filipe Toledo foram os destaques brasileiros na etapa e vivenciaram diversas polêmicas em Bells Beach em relação às decisões dos juízes. Com o resultado final, John John é líder com 3 brasileiros na sua cola no TOP 5 do CT.

A segunda etapa da temporada foi disputada na tradicional e histórica Bells Beach, Austrália. O início da janela foi bem complicado, com ondas fracas e o evento teve que ser transferido do palco principal “The Bowl”, para o pico ao lado, Winkipop. Uma onda mais rápida, com mais pontos críticos e com rampas para aéreos. O show começou mesmo nos 3 últimos dias da janela, com a chegada de uma forte ondulação proveniente de uma tempestade.

A tempestade em Bells gerou brincadeiras lembrando do filme "Caçadores de emoção" onde os protagonistas foram surfar um swell épico em Bells

Com ondas grandes em “The Bowl”, dois surfistas começaram a se destacar: Gabriel Medina e John John Florence. Principalmente na rodada 16, ou oitavas de final, com o mar “storm” (mexido) por conta dos ventos fortes. Os dois surfistas se adaptaram às condições muito rapidamente, enquanto muitos outros tinham dificuldade até para fazerem o “botton turn” (cavada), além de apanharem bastante nas escolhas dos equipamentos adequados para as condições do mar.

Confronto dos bicampeões gerou memes no nosso instagram

Então, calhou dos destaques da competição se enfrentarem nas quartas de final, no dia das finais, o mais polêmico de todo o campeonato! O tão esperado confronto entre Medina x John John, considerados os melhores do campeonato e os atuais bicampeões mundiais ia acontecer, já sob olhares suspeitos da torcida brasileira, onde alguns brasileiros, não muitos, já "chiavam" sobre notas "overscored" do havaiano ao longo do evento e portanto temiam o confronto.


Bastou o havaiano voltar a competir depois de sua lesão, para que os polêmicos julgamentos também voltassem. Devo destacar que ele não precisa de ajuda alguma para vencer, é um excelente surfista, e ao lado de Medina o mais completo do tour atualmente. E tão pouco tem culpa nesse “favorecimento”.


Voltando a bateria entre os dois, Medina começou pegando a primeira onda, onde desferiu duas manobras muito fortes de backside, finalizando a junção despencando em queda livre. A nota que foi sua segunda melhor, um 6,67 poderia e deveria ter sido maior.

A discussão maior foi na maior nota de John John e do brasileiro. O havaiano pegou uma onda de tamanho menor à de Medina, errou em seu primeiro movimento, onde teve que bater prancha na parte de cima da onda e que deveria ser descontado no quesito de avaliação flow (fluidez), e em sua última manobra na junção, não conseguiu equilíbrio ao finalizar a manobra e caiu. A nota ? 8,87. Medina em sua melhor pontuação, começou a onda já muito forte com um floater muito grande, despencando em queda livre (lembrando que a onda era maior, e o grau de dificuldade na aterrissagem consequentemente também é maior), fez rasgadas aguardando a junção, e desferiu uma patada de backside finalizando a onda. Nota do brasileiro: 8,5. Aí o estrago já estava feito, Medina sequer pegou outra onda.


A avaliação sempre será subjetiva, porém, existem certas coerências que não podem mudar de acordo com o surfista. É o que acontece quando esse surfista tem o nome John John em suas costas...

Outra bateria polêmica envolvendo um brasileiro, foi a de Ítalo Ferreira e Jordy Smith também nas quartas de final. O brasileiro foi penalizado após cometer interferência no sul africano. Realmente de acordo com as regras, se um surfista sem a prioridade cruza sua trajetória, mesmo que seu adversário nem esteja em pé na prancha, a interferência é caracterizada. Concordar com a regra, já é outra história, mas se é regra, deve ser cumprida. Na minha opinião, se o surfista não atrapalha o drop, ou a continuidade da onda de seu adversário, que foi o caso, não deveria ser considerada a penalidade. Enfim, não deixou de ser um bom resultado para Ítalo, que depois de uma vitória, conquistou a 5ª posição, ficando na segunda posição do ranking. Ressaltamos que sem a interferência, computando as duas notas, Ítalo teria vencido a bateria e se classificado para as semifinais.

Filipe Toledo cumprimenta campeão John John em Bells Beach

A final teve brasileiro novamente na disputa. Filipe Toledo que fez um campeonato regular, mas sem muito destaque (a não ser sua performance na primeira rodada em Winkipop), enfrentou John John e seus famosos laybacks , que é uma ótima manobra, mas ficou extremamente repetitiva em suas apresentações e supervalorizado pelos juízes no campeonato. Melhor para o havaiano que achou as melhores ondas, com mais parte crítica, e derrotou o brasileiro. Por sinal foi a primeira derrota direta em finais de Toledo, que até então tinha vencido todas. Filipe fez um ótimo resultado, é o terceiro no ranking, e como sabemos, a regularidade é que faz o campeão no final do ano!

Willian Cardoso, Peterson Crisanto e Deivid Silva terminaram em 9º em Bells

Com o resultado, O Brasil está com 3 brasileiros entre o TOP 5 do ranking, assim como no ano passado.


Com relação aos restantes dos brasileiros, destaque para as nonas colocações dos novatos Peterson Crisanto e Deivid Silva, que surfaram muito bem e mais um bom resultado de


Willian Panda Cardoso, também na nona posição! Com regularidade, quem sabe não podem vir a brigar pelo TOP 10 no CT e também virar uma pedra no sapato dos gringos fazendo resultados importantes nas eliminatórias.



A próxima parada do tour será em Keramas, Bali, uma direita de alta performance, que pode proporcionar também sessões com tubos, dando oportunidade a surfistas de diferentes características. O atual campeão, adivinha? É o brasileiro Ítalo Ferreira, e depois de tantas polêmicas, pode anotar que vem muita emoção por aí.


Autor: Ricardo Roldan - Resenha do Surf

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