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Resenha do Surf comenta - CT Portugal

A penúltima etapa do CT foi cheia de emoções. Gabriel Medina tinha chances de se consagrar bicampeão mundial, mas foi parado pelo compatriota Ítalo Ferreira, que foi o grande campeão da etapa com uma performance indiscutível. A grande decisão do mundial 2018 ficou para a tradicional etapa de Pipeline.

Portugal nos mostrou que tudo voltou ao normal. Na décima etapa do ano, mais uma vez, uma vitória brasileira! Ganhamos oito até agora! O responsável foi Ítalo Ferreira, que superou uma derrota mais do que questionável na França, e em sua segunda final em Peniche (havia perdido em 2015 para Filipe Toledo) levou a melhor desta vez.


Ítalo soma sua terceira vitória no ano, nada mal para quem não havia ganho nenhuma etapa até esta temporada. O potiguar mostrou que atingindo a regularidade, se torna um forte candidato ao título. Ferreira mostrou desde o início que estava em sintonia com as ondas de Supertubos, distribuindo aéreos full rotation e pegando também bons tubos, quando o mar permitiu. Aliás, as condições em Portugal, mostraram-se mais uma vez difíceis, apesar da boa previsão de ondas.


Na briga pelo título, Gabriel Medina continua à frente, e aumentou sua vantagem para os agora empatados na segunda posição, Julian Wilson e Filipe Toledo. Filipinho mostrou que a força mental, e a tática durante uma bateria, ainda são pontos a serem melhorados. No meu modo de ver, em suas ondas busca sempre notas excelentes, sempre extrapolando o limite. O que não é ruim, e isso faz parte dos surfistas acima da média. Mas em determinadas situações, se ganha primeiro fazendo uma boa base de notas, no patamar 5, 6 e 7.


Julian Wilson que se tornou uma forte ameaça à Medina, depois da eliminação de Toledo, acabou sendo eliminado nas quartas pelo finalista Joan Duru, que já havia eliminado o brasileiro no round 3. Julian ficou perdido no mar, e mostrou que também lhe falta equilíbrio mental em momentos decisivos. Com esse resultado, Medina precisava ganhar a etapa para se declarar bicampeão mundial, mas não contava com o dia inspirado do seu compatriota.

Medina foi eliminado na semi, numa bateria de “final antecipada” contra o vencedor do evento Ítalo Ferreira. Os dois deram um verdadeiro show de aéreos! Quem levou a melhor foi Ítalo, que deu um aéreo alto e de rotação completa faltando três minutos para o fim da disputa. A nota 9,3, deixou Medina sem tempo de reação. Muita gente disse que Ítalo deveria ter facilitado para que Gabriel garantisse o título já em Portugal. Não concordo com essa posição, pois o surf é um esporte individual, com interesses próprios, e muita coisa em jogo.


Se reclamamos tanto da postura duvidosa da WSL em certas baterias, não devíamos pensar dessa forma. Os atletas brasileiros mostraram que são íntegros, e que o esporte se ganha por mérito e não por favorecimento. Pelo menos, de nossa parte. Parabéns aos dois! Medina mesmo em entrevista, disse que combinaram não haver jogo sujo, e se fosse o contrário, acredito que a postura dele seria a mesma.


Com relação ao restante dos brasileiros, Jessé Mendes e Ian Gouveia estão praticamente fora da elite, e precisam de milagres para pensar numa permanência. É necessário vencer a próxima etapa e ainda torcer por uma combinação de resultados. Tomas Hermes ainda tem chances, mas não pode pensar em menos do que uma semifinal em Pipeline. Yago Dora está na vigésima segunda e última posição dos que se mantém no tour. Precisa de pelo menos um quinto lugar, para não depender de ninguém.

Uma situação triste ocorreu com Adriano de Souza, que ao entrar no mar, acabou sugado por uma onda pequena, sendo arremessado contra o fundo de areia. Nosso segundo campeão mundial machucou o joelho direito e teve que sair carregado do mar. Melhoras ao capitão! Acredito que com os pontos que têm, está garantido na elite ano que vêm. Mesmos casos de Michel Rodrigues e Willian Cardoso, que também têm presença garantida.

Agora só resta uma etapa para o fim da temporada, e será na mística e perigosa Pipeline no Havaí. Os cenários para o título mundial são os seguintes: se chegar à final em Pipeline, Medina garante a taça sem depender dos adversários; se Medina perder na semi, Filipe Toledo e Julian Wilson precisam vencer a etapa; caso Medina perca nas quartas ou antes disso, Julian e Filipe precisam ser finalistas.


Muita emoção nos aguarda no último evento do ano, a partir de 8 de dezembro. Briga pela permanência na elite, briga pelo campeonato mundial.. e quem ganha somos nós, com show de emoções e surf! Espero vocês lá.


Autor: Ricardo Roldan - @resenhadosurf_


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